08 outubro 2013

O grito dos Excluídos

Imagem: Mário Rodrigues

Estava subindo a Rua da Bahia no centro de Belo Horizonte em um sábado qualquer quando a avistei. Dezenas de pessoas já haviam passado por ela, outras dezenas ainda passariam, e eu infelizmente seria mais uma. Com uma criança no colo a mulher sentada no passeio repetia a frase: “Você pode me ajudar...” para cada rosto que cruzava o seu caminho, mas para os passantes era como se ela não estivesse ali. Ao passar por ela senti uma pontada no coração, e logo depois me veio o seguinte pensamento: Meu Deus, quem ouve o pedido dessas pessoas? E desde então isso passou a me incomodar.

Não muito tempo depois desse episódio, me deparei novamente com a realidade cruel das ruas – sei que não é preciso andar muito pra isso, e sei também que existem inúmeras outras pessoas nessa situação, mas há casos que realmente nos chamam atenção – avistei uma mulher que mancando caminhava no meio da avenida amazonas, sem preocupar-se com os veículos que passavam por ela em alta velocidade. A mulher de aparência castigada tinha a cabeça raspada, roupas sujas e uma tristeza muito grande no olhar. Observei que as pessoas a evitavam e senti o desprezo de muitos para a pobre criatura. Não conseguia tirar os olhos dela e percebi que passava a mão pela cabeça repetidamente e unia os dedos como se procurasse por algo, por vezes resmungava sem retirar as mãos da cabeça: Meu cabelo, cadê meu cabelo?

E então novamente me fiz a pergunta, quem dentre nós ouve o grito de socorro destas almas aflitas? Quem ouve o gemido de dor, de fome e de medo dessas pessoas que sobrevivem com os restos dessa sociedade consumista? Ou ainda, quem pode remediar o que esse povo sente? Pois maior que a pobreza e a falta de condições é a humilhação que sofrem, é o desprezo e a rejeição que a sociedade lhes imputa. E então, quem poderá defendê-los?
O Senhor disse: "Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos.
Êxodo 3:7

Enquanto o mundo se move, e todos se mantém em sua rotina frenética, eu pergunto: Quantos vão parar suas vidas, deixar de olhar para o próprio umbigo e fazer por estes, denominados excluídos, o que o governo não faz ? Deus ouve o clamor desse povo, mas ele conta com nossa ajuda para alcançar essas pessoas. Lembrando que Ele mesmo disse:
“[...]Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
Mateus 25:37-40
E então, até quando fecharemos nossos olhos para o sofrimento desse povo?

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